Mãe, sinónimo de rainha e força da natureza. Para cada um de nós há uma melhor que todas as outras. O que faz, afinal de contas, uma Mãe, a minha Mãe, a melhor de todas?
Minha querida Mãe, desde bem cedo soube que eras a tal. A que fica, a que está e a que nunca deixará.
Cuidadora por natureza, foi entre lágrimas e suor que me viste nascer. Mais que olhar por ti só, deste graças àquele pequeno ser, em desenvolvimento, inexperiente e dependente, o teu primeiro rebento. Ainda que muito berrelas e chatinho, e sempre meio doentinho, deste-me colo, vezes sem conta. De muita paciência és feita.
Foste e és uma guerreira. Foste Mãe e pai também. Trabalhaste sempre, mesmo em dor, para trazer aquela pequenina porção de dinheiro que muitas vezes servia para colocar a comida na mesa ou para dar aquele conforto de estrear roupa nova na Páscoa ou no Ano Novo. Talvez por isso desde cedo me tenha tornado um menino bem-comportado, responsável e muito focado nos estudos - para que não fosse uma preocupação adicional na tua vida. Uma forma implícita de agradecimento e preocupação, agora reconheço.
És boa comunicadora: falas muito, pelos cotovelos, por vezes sem filtros e em jeito de desabafo. Focas-te no bem-estar dos que te rodeiam, dos que te fazem bem. Sabes reconhecer gratidão, com o que és, aquilo que tens e com o que podes. Estás sempre pronta a ajudar, dando prevalência ao outro, por vezes até de mais.
Gostas da tua privacidade e do cantinho ao qual chamas casa. Aquele rés-do-chão que dará muito jeito para quando formos velhinhos. Manténs a casa limpa e arrumada. Cinderela, atenciosa, linda, dócil, gostas de te aprontar e parecer bem em qualquer ocasião e a idade, essa não te pega.
Derrete-me de cada vez que te vejo à procura de trevos de quatro folhas em terrenos baldios, como que numa incessante procura por um suplemento de sorte que tarda em chegar.
Nada sabe tão bem quanto os teus deliciosos pratos: o arroz de feijão com ervilhas e peixe-gato, que tanto aprecio e te peço a cada vez que regresso às origens; o frango assado no forno que só tu sabes tão bem preparar; a tua francesinha caseira cujo molho tantas vezes digo merecedor de ser comercializado; as tuas sopas de 7, por vezes 8 legumes, ou o bolo de chocolate ou de bolacha, aos quais regularmente acrescentas o teu toque - como a pitada de coco ralado.
Lamento ter-te feito passar por fases de stress e pressão, de desconsolo e choro. Foste provavelmente a pessoa que me proferiu as melhores, mas também as piores palavras em toda a minha vida. Sei-o também que essas palavras têm o peso do forte sentimento que nos une. A nossa troca de palavras, por vezes com conotação mais crítica, são meras manifestações de amor e afeto, porque nos importamos e nos fazemos bem um ao outro.
Espelho-me muito em ti. O quão orgulhoso sou de seres a minha Mãe.
És imperfeita, como todos nós. Não tiraria, no entanto, um único pedaço teu para acrescentar um outro. Para mim és perfeita assim mesma, tal como és, sem tirar nem pôr. És o ser, de entre as 8 biliões de pessoas neste mundo, a quem trato por Mãe, e não poderias ser se não a melhor. És minha e só minha, a minha Mãezinha.
És uma Mãe caseira, e galinha. És a Mãe que me foi dada. És e sempre serás o melhor presente que alguma vez me foi dado.
Não sei o que nos espera, ninguém sabe. Mas vivo com a certeza de que és a tal. A minha favorita e a melhor. Sinto-me em casa de cada vez que te vejo.
Hei-de sempre voltar por ti e para ti.
💙
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